Dos 646 municípios do estado de São Paulo, 46% usa sistemas estruturados de ensino em suas escolas [img_assist|nid=3060|title=Secretária de Educação de Santo André, Cleide Bauab Eid Bochixio, abre oficialmente a palestra.|desc=|link=node|align=left|width=640|height=435]públicas. A iniciativa, que afeta 50% das matrículas no estado e atinge 1,2 milhão de crianças, possibilitou a melhoria do desempenho dos alunos nas médias de Língua Portuguesa e Matemática na Prova Brasil. Os dados fazem parte da pesquisa Sala de Aula Estruturada – O impacto do uso de sistemas de ensino nos resultados da Prova Brasil, realizada pela Fundação Lemann, instituição voltada para ações que promovem o desenvolvimento da Educação, apresentada nesta sexta-feira (20) aos professores da rede municipal de ensino de Santo André. A cidade já deu início, no primeiro semestre, às discussões para a formulação de um sistema de ensino e de material didático desenvolvidos de acordo com a sua necessidade.
Segundo o levantamento, a adoção de um sistema pelos municípios, seja este privado ou público, possibilitou aumento de em média 5 pontos no desempenho dos alunos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática na Prova Brasil, mecanismo que mede a qualidade de ensino no país e dá origem ao Índice de Educação Básica (Ideb). De acordo com Paula Louzano, pesquisadora da Fundação Lemann, o resultado representa um ganho de qualidade considerável, uma vez que 12 pontos na escala da Prova Brasil representam aproximadamente o estudo acumulado em um ano escolar.
Para chegar a este número foram comparados os resultados dos municípios nas provas de 2005 e 2007, estudando os resultados obtidos em escolas que adotaram o material escolar no meio deste período com as que já utilizavam o material desde 2005. O levantamento analisou, ainda, um grupo que não usa sistema estruturado de ensino. A comparação entre as escolas também levou em consideração as características socioeconômicas, culturais e educacionais dos alunos.
O resultado positivo detectado pelo levantamento pode ser atribuído a um conjunto de motivos, segundo Paula. "Os alunos passam a ter maior exposição ao conteúdo e o trabalho do professor pode ser melhor aproveitado em sala. Ele deixa de precisar elaborar a aula antecipadamente e os alunos, de copiar matéria da lousa, otimizando o tempo de ambos. Percebemos, por meio da pesquisa, que quem dá aula acaba se sentindo mais seguro com uma linha de conteúdo para seguir e, em alguns casos, aprendendo o conteúdo que possa vir a não dominar completamente", destaca.
Paula acrescenta ainda que os pais também recebem bem a adoção de material didático pela escola municipal, pois isto possibilita o acompanhamento mais próximo do desenvolvimento de seu filho na instituição de ensino. A pesquisadora ressalta que muitas cidades não adotam sistemas estruturados e optam por participar do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), mas enfrentam problemas com a entrega dos livros. Além disso, os alunos não podem levar para casa ou escrever nas publicações.
Formadores do Saber
A Secretaria de Educação de Santo André está formulando material didático específico para as propostas do município, com o objetivo de implementar sua versão preliminar no início de 2011. A tarefa, que vai resultar em quatro ‘cadernos’ por ano para cada uma das cinco séries, contará com a participação da Fundação Santo André na elaboração e desenvolvimento dos conteúdos, em um projeto chamado Formadores do Saber. Para tanto serão envolvidos os cerca de 700 professores que atuam na rede com alunos do ensino fundamental.
O processo será composto por reuniões para discussão e cursos de formação, bem como pelo Portal do Educador, desenvolvido especialmente para o município, por meio do qual será possível a capacitação dos profissionais e sua participação ativa na formulação do material com sugestões e críticas, criando diálogo ininterrupto com a equipe que confeccionará o material. A versão definitiva deve chegar aos alunos em 2012. Cada estudante receberá um ‘caderno’ para cada bimestre com cerca de 250 páginas e contemplando todas as áreas do conhecimento.
Paola Zanei Bonilha